26 de outubro de 2011

Beira Rio - Três Marias

Era terça-feira, dia letivo.
E eu resolvi partir.
Uma semana, pescando.
Vila Beira Rio em Três Marias.
E num Pesqueiro na beira do Rio São Francisco
 me desmanchei de rir dos “causo de pescadô”
Marmita, isca, sol, rio, conversa fiada.
E mais conversa fiada, o dia não passava,
Aliás, parava, e entrava num mundo diferente.
numa instância diferente,
onde não se pensa muito no que se passa,
apenas passa.
Pescar de dia, pra se comer a noite. Matemática simples.
É a vida mansa (ou nada mansa), mas sem pressa.



MARIA MARIA e outra MARIA (TRÊS MARIAS)
Pé na estrada.
Duas senhoras, três sacolas.
Carona.
-Como vocês se chamam?
-Maria, e ela também é Maria.
-Marias de quê?
-Só Maria!
-Só Maria não, ser Maria já é muita coisa. E o que vocês vão fazer na cidade?
- Viemos namorar!
Como gratidão, ganhamos duas mudas de cebolinha.
E faltava mais uma Maria, talvez fosse eu e nem sabia!



Eu vim lá do Rio são Francisco quer que eu fale mais?


"Sou como o Rio São Francisco
Faço no tempo viagens
No espaço da noite e do dia,
Indo, fluindo às margens


De Pernambuco e Bahia
Andando por todos os lados
Sincretizando os Estados


Arrematando as costuras
Na integração das culturas"



Moraes Moreira



Que rio é esse Guimarães Rosa??

BETONEIRA – O dia em que o Peixe pescou o Pescador!
E essa não é história. Eu presenciei. Como já disse, o Pesqueiro em que estávamos não era dos mais calmos, havia muita conversa fiada. E talvez por isso os peixes não se aproximassem muito. Com exceção de Betoneira, um pescador velho, magro, misterioso. E ele sabia onde os peixes estavam, diziam que o anzol dele era benzido. Todo mundo colocava a vara no mesmo poço, e parece que o peixe escolhia a isca dele. E sua fama só aumentava. Betoneira sempre calado, com um sorriso de canto. E na ponta de uma das varas dele, se observava mais um movimento, era certo que era um peixe. Betoneira, calmo se levantou, firmou a vara no braço. E mais uma vez aquele sorriso de canto de boca. Agora a gente iria só assistir o show. “Esse é dos grande, heim Betoneira”! Mas acho que ele se esquecera, que já não tinha mais essa força dos tempos áureos. E começou a travar uma luta com o peixe agitado. Travou os pés no barranco, firmou os braços, fez careta. A ponta da vara chegava até dentro da água, ele puxava com brutalidade, mas nada adiantou. O peixe levou para o Rio São Francisco. Ele não foi muito longe, continuou na margem. Mas o que se passara ali foi a desmitificação de uma lenda. O pescador invencível se encontrava todo molhado e sem jeito. E no Pesqueiro, ninguém o ajudou, a risaiada era geral. Betoneira se secou e voltou a seu silêncio, concentrado. O peixe levara sua isca, sua vara e sua honra.



**Obs: Infelizmente não consigo achar as fotos e filmagens deste passeio, assim que consegui encontrá-las coloco aqui. Por enquanto tentem imaginar um lugar lindo de águas mansas. Então, era o pesqueiro, havia um barranco e uma sombrinha boa pra gente papear e comer. A figura do post é meramente ilustrativa, retirada da internet, muito parecida com o pesqueiro que por lá fiquei.

3 comentários:

  1. ê vida boa heim!!!

    Carol

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  2. mas que beleza, heim, marianinha? delícia pura passear com vc através das palavras que seus olhinhos pescaram dessas águas doces, para dividir conosco depois.
    um beijo fiado, que um dia eu pago :)))

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  3. Ei Amana,
    O que seria desse blog sem seus comentárioss??
    Coisa mais linda de ler sempre!!!
    Obrigada por demais!!!
    bj

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